segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Google convida você para subir na Torre Eiffel


Google usou esse equipamento para registrar as imagens do tour

Você já pensou em visitar a Torre Eiffel e subir até o topo sem sair de casa, sem mesmo levantar do sofá? Pois agora é possível! O Instituto Cultural da gigante da informática Google e a Société d’exploitation de la Tour Eiffel firmaram uma parceria que abriu as portas de um dos principais monumentos franceses às câmeras do Google que nos proporcionam uma visita à la Street View aos andares superiores da torre.


As equipes da Google captaram todas as imagens necessárias para esse passeio interativo na Torre Eiffel em aproximadamente 6 horas em dois dias de trabalho entre 6 e 9 horas da manhã sempre antes da abertura da torre aos visitantes. Para realizar o trabalho a Google precisou desenvolver um equipamento especial de apenas 60kg e medidas reduzidas a fim de conseguir se mover nos espaços estreitos dos andares superiores.

Fazer um tour online pela Torre Eiffel é fantástico...


No final das contas somos automaticamente levados a nos questionar, por que ainda ir a Paris para conhecer a torre e admirar a paisagem parisiense com nossos próprios olhos? A resposta é simples: vale a viagem (e a longa espera na fila) a enorme sensação de vertigem que toma conta da gente a partir já do segundo e terceiro andar e que não temos diante da tela do computador e ainda a possibilidade de admirar a região parisiense em um belo dia de SOL! Ainda, como complementos que ficam reservados à viagem e nenhum app pode proporcionar é a possibilidade de beber champagne no topo da torre e comprar uma miniatura vinda diretamente da China nos arredores do Champs de Mars ;)

... ainda assim a sensação de vertigem e a bela vista de um dia de sol ainda valem a viagem para conferir a torre de perto
Oscar Berg
Brésil,
Le 14 octobre 2013.

domingo, 13 de outubro de 2013

IKEA anuncia cinco novas lojas e 1200 novos empregos na França


Famosa entre os brasileiros como uma empresa que vende móveis de qualidade por preços inacreditáveis, a IKEA continuará a investir fortemente na França apesar de resultados negativos no último ano.

Na última quinta-feira, 10 de outubro, a filial francesa da sueca IKEA anunciou que abrirá cinco novas lojas e criará 1200 empregos entre 2014 e 2016. A empresa que já possui 29 filiais na França ganharia lojas em Orléans (Loiret), Bayonne (Pyrénées-Atlantiques), Clermont-Ferrand (Puy-de-Dôme), Mulhouse (Alsácia), Nice (Alpes-Maritimes) e Vénissieux (Rhône). A primeira nova loja a abrir será a de Clermont-Ferrand (Verão de 2014) e então Bayonne, Mulhouse e Orléans (2015) e, finalmente, Vénissieux e Nice (2016). Ainda, as lojas de Paris Nord 2, Laisir (Yvelines), Montpellier (Hérault) e Vitrolles (Bouchesdu-Rhône) devem ser reformadas. Ótima notícia para brasileiros que habitam essas localidades ou aqueles em vias de se expatriarem em algumas dessas cidades e que buscam móveis com design contemporâneo e baixo custo.

Atualmente a França é o terceiro maior mercado da IKEA no mundo. As vendas no Hexágono respondem por 9% do total da empresa sueca. Em 2012 a empresa teve um volume de negócios de 2,39 bilhões de euros, o que garante o primeiro lugar no segmento de móveis na França, detendo 17,8% do mercado. Ainda assim, a empresa vendeu 4,3% a menos do que no ano anterior, reflexos da crise. O diretor da IKEA France, Stefan Vanoverbeke conclui: “Neste contexto econômico difícil, a performance de IKEA France continuam sólidas”.

Até 2025 a empresa pretende contar com 45 lojas e dominar 20% do mercado francês.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os 500 mais ricos da França, 25% mais afortunados em um ano

Com uma fortuna de 24 bilhões de euros Bernard Arnault é o homem mais rico da França

Apesar da grave crise econômica que abala a zona do euro, os 500 franceses mais ricos não têm do que se queixar, pois sua fortuna cresceu em média 25% no ano passado, conforme a revista Challenges a ser publicada na próxima quinta-feira.

A riqueza acumulada pelas 500 maiores fortunas francesas alcançou a soma de 330 bilhões de euros, o maior valor registrado pela classificação “500” da revista desde a primeira publicação, em 1996. O montante acumulado pelos ricaços franceses equivale a 16% do PIB da França e é maior que o PIB de Colômbia e Venezuela, respectivamente 34º e 35º países mais ricos do mundo, conforme o FMI (2011).

O grupo compreende 55 bilionários, 10 a mais do que no ano passado, o menor patrimônio do ranking é 64 milhões de euros. O líder do ranking é Bernard Arnault, CEO do conglomerado de luxo LVMH, que detém 24,3 bilhões de euros, 3,1 bilhões a mais do que no ano passado. O segundo lugar pertence à herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt (23,2 bilhões de euros, aumento de 7,9 bilhões em relação ao ano anterior). Completam o Top 10, Gérard Mulliez (Grupo Auchan, € 19 bilhões), Bertrand Puech (Hermès, € 17,4 bilhões), Serge Dassault (Indústrias Dassault, € 12,8 bilhões), François Pinault (Kering, € 11 bilhões), Vincent Bolloré (Grupo Bolloré, € 8 bilhões), Pierre Castel (Indústria de bebidas Castel, € 7 bilhões), Alain Wertheimer (Chanel, € 7 bilhões). Xavier Niel, fundador da operadora de telefonia Free, fecha o Top 10 com fortuna de € 5,9 bilhões, ele entrou no ranking “500” em 2003, quando possuía uma fortuna de “apenas” 80 milhões de euros. Apesar do forte crescimento médio do ranking, a família Peugeot, tradicional freqüentadora do Top 10, teve sua fortuna reduzida em 70% nos últimos dois anos. O setor automobilístico é um dos mais afetados pela crise.

Paradoxo

Enquanto que as 500 maiores fortunas francesas cresceram 25% em um ano, a economia francesa não vai nada bem. A taxa de desemprego atingiu alarmantes 10,4% no primeiro semestre desse ano (0,3% a mais que no semestre anterior) e instituições como o FMI julgam muito difícil da França reverter a curva de crescimento do desemprego até o final do ano, conforme objetivo do Presidente François Hollande. Em relação ao crescimento da economia, enquanto o Presidente Hollande acredita que a França possa crescer 0,1% nesse ano, os especialistas do FMI afirmam que a França entrará em recessão e a recuperação será modesta até 2015. O crescimento das grandes fortunas certamente trará novamente à tona a proposta do governo de um imposto de 75% para rendas superiores a 1 milhão de euros, proposta de campanha de François Hollande e julgada de inconstitucional pelo Conselho Constitucional (O bilionário Bernard Arnault anunciou que pediria a cidadania belga para escapar da taxa Hollande caso ela dosse aprovada). O cenário de crescimento das desigualdades na França poderá auxiliar o crescimento do partido Frente Nacional, que já recebe grande apoio entre as classes mais desfavorecidas.

Oscar Berg,

10 de julho de 2013.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

“Ministro Fabius, tome uma iniciativa para acalmar as relações com a Bolívia"

Reproduzimos abaixo a carta aberta do deputado Sergio Coronado (Verdes EELV) endereçada ao Ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, a respeito da retenção do Presidente Morales em Viena. Sergio, que me recebeu recentemente na Assembleia Nacional em Paris, representa os franceses que vivem na América Latina e Caribe e é um atuante deputado do reatamento das relações da França com os países latino-americanos, uma região que o antigo governo Sarkozy/Fillon deu pouca atenção. Essa carta foi inicialmente publicada no Le Monde.

Sergio Coronado na tribuna da Assembleia Nacional

Na terça-feira, 2 de julho a noite, o Presidente da República da Bolívia, Evo Morales, foi obrigado a realizar uma escala imprevista em Viena, na Áustria, tendo a França e Portugal fechado brutalmente seu espaço aéreo pelo motivo infundado da suposta presença de Edward Snowden a bordo do avião presidencial.

Snowden, ex-agente da CIA e da National Security Agency é um lançador de alerta. Ele tornou pública a existência de um grande programa de espionagem de massa da administração americana chamado Prism.

Além da espionagem dos governos europeus, o governo americano realiza uma violação de direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos do mundo todo. O Presidente e o governo francês pediram explicações ao governo americano.

Mas no momento atual, Edward Snowden, que ninguém nega a veracidade de suas revelações, continua retido em um aeroporto russo e exigido pela polícia americana.

LÓGICA SECURITÁRIA

As relações transatlânticas parecem prisioneiras de uma lógica securitária acrescida pelo retorno da França na OTAN em abril de 2009. Bastou um rumor para que um avião vindo da Rússia fosse interditado de sobrevoar nosso território. Edward Snowden parece ser tratado como um verdadeiro terrorista, um Chefe de Estado sul-americano foi ofendido.

O Presidente da República Francesa, informado da presença de seu colega boliviano neste ano, teria mudado sua decisão de interdição do sobrevôo de nosso território. Contudo, o mal já estava feito. Não é necessário subestimar a amplitude de desgastes diplomáticos para as relações de nosso país com o continente latino-americano.

No dia seguinte, a Embaixada da França na Bolívia foi atacada por pedras arremessadas contra ela, bandeiras francesas foram queimadas e o Presidente do Equador e do Peru convocaram uma reunião da União das Nações Sul Americanas (UNASUL), atualmente presidida por Ollanta Humala, a fim de determinar uma resposta enérgica às humilhações cometidas pela França, Itália, Espanha e Portugal. O Presidente Boliviano evocou uma agressão aos países latino-americanos.

RECONSTRUIR A CONFIANÇA

A coragem de Edward Snowden deve ser saudada. Há um ano, o ministro das relações exteriores francês relançou as relações diplomáticas com o continente latino-americano. Desde a chegada ao poder da atual maioria, uma dezena de visitas diplomáticas foi organizada.

Os ministros se deslocaram várias vezes ao continente para reatar as relações com os governos locais. Mas o atlantismo que a França demonstrou nas últimas horas enfraquece os esforços do governo.

É necessário reconstruir a confiança com o continente latino-americano, perdida por este lamentável caso, e, sobretudo, tomar uma iniciativa de restituir a confiança das chancelarias dos países membros da UNASUL.

Sergio Coronado. Deputado dos franceses estabelecidos na América Latina e Caribe).

TRADUÇÃO DE OSCAR BERG


quarta-feira, 3 de julho de 2013

França envergonhada por erro diplomático

Ministro das Relações Exteriores da França lamenta o contratempo causado ao Presidente boliviano pela decisão da França de bloquear seu espaço aéreo. Presidente Hollande afirma ter dado autorização imediata para abertura do espaço francês, oposição e bolivianos, contudo, criticam postura do governo francês.

Foto: Agência France-Presse


Após França e três outros países europeus (Espanha, Itália e Portugal) terem fechado seus respectivos espaços aéreos devido a suspeita de que o ex-técnico da CIA, Edward Snowden, estaria no avião que levava o presidente boliviano, Evo Morales, de Moscou a La Paz, uma centena de pessoas protestou hoje em frente da Embaixada da França na capital boliviana.

Parte dos manifestantes de organizações ligadas ao Presidente Evo Morales gritavam em frente a Embaixada: “França, fascista, fora da Bolívia!” enquanto que outros portavam cartazes onde se lia: “França hipócrita, França colonialista”. Pedras foram atiradas contra a fachada do prédio da embaixada e bandeiras francesas foram queimadas. Não se sabe se o Embaixador da França na Bolívia, Michel Pinard, estava no interior do prédio no momento da manifestação.

Bandeiras francesas foram queimadas durante a manifestação (Foto: Le Parisien)


O presidente francês, François Hollande, declarou nesta quarta-feira (3/07) em Berlim ter “imediatamente” dado a autorização de sobrevôo da França ao avião do Presidente Morales, “Havia informações contraditórios a respeito de passageiros que estariam a bordo. Tão logo que eu soube que se tratava do avião do Presidente Boliviano, eu dei imediatamente a autorização de sobrevôo” declarou Hollande.



Ainda na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, telefonou ao chanceler boliviano para lamentar o contratempo ocasionado para o Presidente Morales pela demora na confirmação da autorização para sobrevôo do território francês, conforme indicou o porta-voz do Ministro.

O Parti de Gauche (Partido da Esquerda), co-presidido por Jean-Luc Mélenchon, denunciou a atitude do governo francês, qualificando-a de “grande erro político e diplomático”. Em um comunicado intitulado de “Escandaloso”, o partido declarou: “Tratando o Presidente Evo Morales como um potencial perigoso terrorista, o governo francês cometeu um grave erro político e diplomático que desonra o país, tão maltratado por seu alinhamento atlantista [...] Essa atitude atesta a subjeção de nosso governo aos interesses dos Estados Unidos que, contudo, nos espiona”.

Em represália a França, o Parlamento Boliviano vai pedir nesta quinta-feira a expulsão do país dos embaixadores de França, Portugal e Itália.

Recentemente, entre 12 e 13 de março de 2013, o Presidente Evo Morales esteve na França em viagem de trabalho. Nesta ocasião, o presidente François Hollande parabenizara o presidente boliviano pelas profundas reformas efetuadas com o objetivo de reduzir as desigualdades no país. Ambos os presidentes se comprometeram a fortalecer o comércio entre os dois países, tendo sido os setores de infraestrutura, energia, transportes e espacial identificados como prioritários. O Presidente boliviano, por sua vez, ressaltara a importância de reforçar a cooperação entre a França e a Bolívia nas instituições multilaterais.

Oscar Berg,

3 de julho de 2013.

terça-feira, 2 de julho de 2013

François Hollande demite a Ministra da Ecologia

Delphine Batho, demitida nesta terça-feira do Ministério da Ecologia, Desenvolvimento Sustentável e Energia

            Após criticar o orçamento de seu ministério, Delphino Batho, então ministra da Ecologia, foi convocada ao Palácio de Matignon para uma reunião a portas fechadas de duas horas com o Primeiro-Ministro, Jean-Marc Ayrault, e viu suas funções serem encerradas pelo Presidente, François Hollande, através do seguinte comunicado do Eliseu:

            “Após proposta do Primeiro-Ministro, o Presidente da República pôs fim às funções de Delphino Batho e nomeou Philippe Martin, ministro da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável e da Energia”.

           Philippe Martin, que comemorará 60 anos em novembro, é deputado na Assembleia Nacional pelo departamento de Gers. Ele é membro do Partido Socialista (PS) e participa da Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Ordenamento do Território da Assembleia.

           Delphine Batho foi demitida após criticar publicamente os cortes orçamentários de seu ministério para o ano de 2014 em uma emissão da rádio RTL: “Este é um péssimo orçamento”. Batho foi ainda além ao propor que as seguintes questões deveriam ser feitas: “A Ecologia é mesmo uma prioridade?” e; “Será que temos a capacidade de passar do discurso aos atos?”. Delphine Batho era próxima de Ségolène Royal, ex-candidata a presidência (2007) e Presidente do Conselho Regional de Poitou-Charentes, onde empreende grandes projetos de desenvolvimento sustentável.



           O Ministério da Ecologia é uma das pastas ministeriais que mais sofreu com o corte orçamentário que o governo pretende realizar no próximo ano, com queda de 7% de seus créditos. A ex-ministra lamentou o corte em um momento de “decepção com o governo”. A demissão da ministra foi comemorada em alguns círculos do PS que vêem no ocorrido uma recuperação da autoridade do Presidente François Hollande e do Primeiro Ministro Jean-Marc Ayrault nas decisões do governo. Os demais partidos de esquerda, contudo, lamentaram a decisão do Presidente e saudaram a coragem de Batho. Contudo, os verdes (EELV) decidiram, até este momento, continuar no governo. A direita aproveitou a situação para lembrar que Martin será o terceiro ministro da ecologia em quatorze meses de governo (Nicole Bricq cedeu lugar à Dephine Batho na reforma ministerial após as eleições legislativas de 2012. A Frente Nacional (extrema-direita) lamentou a “total desinteresse do governo nas questões ambientais”.

           A expectativa é de que o novo ministro da Ecologia, Philippe Martin, possa realizar um trabalho mais engajado, pois as questões ambientais interessam cada vez mais os franceses e o Presidente Hollande é acusado de não dar atenção suficiente a essa agenda.

Oscar Berg,

2 de julho de 2013.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Embaixador Bruno Delaye deixará suas funções no Brasil

Embaixador Bruno Delaye com o ex-presidente Lula


A comunidade francesa no Brasil foi pega de surpresa com o anúncio da saída de Bruno Delaye, Embaixador da França no Brasil, há menos de um ano de sua posse no cargo. Delaye, que estava no Brasil desde setembro do ano passado, evocou razões “pessoais e familiares” quando anunciou que deixaria o cargo para voltar a Paris. A Embaixada da França no Brasil não precisou a data de sua saída nem nenhuma informação sobre o próximo embaixador a ser acreditado no Brasil.

Um dos nomes que é sugerido para substituir Bruno Delaye é Denis Pietton, atual chefe de gabinete do ministro das Negócios Estrangeiros Laurent Fabius. Pietton, de 57 anos, é um alto funcionário que já prestou diversas funções dilpomáticas, como Cônsul Geral em Miami (1992-1994) e Jerusalém (1999-2002), ministro conselheiro na Embaixada da França em Washington (2002-2006), Embaixador na África do Sul (2006-2009) e no Líbano (2009-2012). As autoridades brasileiras ainda não declararam se iriam validar essa candidatura.
Mesmo que Bruno Delaye tenha permanecido no Brasil apenas alguns meses, sua ação nesse período priorizou assuntos econômicos e foi marcada pelo desejo de intensificar as trocas entre a França e o Brasil. Com este objetivo, o embaixador Delaye desenvolveu projetos inovadores, como visitas de campo com chefes de empresas e empresários franceses.
“Ele iniciou uma série de visitas em diferentes grandes estados brasileiros, acompanhado de responsáveis de empresas francesas a fim de vender e tornar conhecido o savoir-faire francês junto de oficiais locais e parceiros econômicos”, declara Stéphane Schorderet, conselheiro de imprensa e comunicação da Embaixada da França em Brasília. “Ele já havia visitado os estados da Bahia, de Pernambuco e Rio Grande do Sul. Esta maneira de agir se inscreve no conceito de ‘diplomacia econômica’, que é importante ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius”.

Antes de ser acreditado no Brasil, Bruno Delaye, havia sido embaixador da França na Espanha e ocupado funções similares na Grécia, no México e no Togo. Ele tem 61 anos e é formado pela ENA (Escola Nacional de Administração), a mais tradicional escola de administração pública francesa.

OBS: Uma das ações de Bruno Delaye em tanto que embaixador da França no Brasil você pode rever no link de FrancePo: Dirigentes de indústrias franceses se reúnem com o Presidente da FIESP, Paulo Skaf
As informações são do jornal francófono online Le Petit Journal.

Oscar Berg,

12 de junho de 2013.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Dirigentes de indústrias franceses se reúnem com o Presidente da FIESP, Paulo Skaf

L’ambassadeur de France, Bruno Delaye et Paulo Skaf / Everton Amaro/Fiesp

A embaixada da França no Brasil, através do embaixador Bruno Delaye, o Consulado Geral da França, pelo cônsul geral Damien Loras, e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) promoveram no dia 9 de maio uma reunião entre altos representantes de 18 empresas franceses e o presidente da FIESP, Paulo Skaf, na sede da Federação em São Paulo.

Os empresários que participaram na reunião são dirigentes de grandes indústrias francesas implantadas no Brasil, sobretudo em São Paulo, em diversos setores: energia e transportes (Alstom), química (Air Liquide, Arkema), farmacêutica (Sanofi), telecomunicações (Alcatel-Lucent), defesa (EADS, Thales), material elétrico (Legrand, Scheiner Electric), construção, cerâmica e vidros (Saint-Gobain), automóveis (Citroën, Peugeot, Renault), tratamento de água (Veolia Water), energia (Norac), bebidas e produtos de luxo (LVMH), louça fina (Arc International) e produtos de beleza (L’Oréal).

Além da diversidade de setores, as empresas francesas são caracterizadas pela constante criação de valor no Brasil, por exemplo, pela instalação de centros de pesquisa e unidades de desenvolvimento. Todas as indústrias francesas representadas na reunião com a FIESP contribuem igualmente no processo de inovação e transferência de tecnologias para o Brasil, pois seus pólos industriais resultam na contribuição tecnológica para produzir localmente produtos da matriz para brasileiros e igualmente para os consumidores de outros mercados, fazendo do Brasil um exportador de produtos de alta gama.

Na reunião com Paulo Skaf, os dirigentes tiveram a oportunidade de apresentar as características fundamentais da presença da França no Brasil, onde já estão instaladas mais de 500 empresas francesas em todo território nacional, que totalizam perto de 500.000 empregos diretos em todo o país. Neste domínio, a França trabalha em parceria com o SENAI na promoção de acordos de cooperação em matéria de formação profissional, além de ser um dos principais beneficiários de bolsas para alunos brasileiros.

Les entrepreneurs français avec l’ambassadeur Bruno Delaye, le consul général Damien Loras et Paulo Skaf / Junior Ruiz/Fiesp


As informações são do site da Embaixada da França no Brasil.

terça-feira, 30 de abril de 2013

FRANCO-FESTA: Comunidade francesa se reúne para festejar o 1º de maio






Pela primeira vez, quatro associações francesas (Associação de Franceses do Exterior/ADFE, Associação de Pais de Alunos do Liceu Pasteur/APE, São Paulo Accueil/SPA e União dos Franceses do Exterior/UFE) decidiram de se reunir para organizar um evento em comum: a Franco Festa. A intenção dessas associações é de poder reunir em um mesmo dia o maior número possível de franceses para um momento de confraternização e também para recolher fundos para associações caritativas francesas.
A Franco Festa será realizada no feriado de 1º de maio de 2013, no espaço Dom Pedro, entre o Jardim Botânico e o Parque Zoológico da cidade de São Paulo. Um local próprio para o convívio em família em meio ao parque ecológico e a Mata Atlântida que fará esquecer o concreto da cidade!
A Franco Festa promete ser um evento inesquecível. As diversas associações que participam do evento irão disponibilizar diversas opções de entretenimento, como música e prática de esportes e até mesmo circo! Tudo foi planejado para agradar à toda família, desde os pequenos aos adultos. Uma feira beneficente (quermesse) também será organizada.

Piquenique

A proposta da Franco Festa é organizar um grande piquenique coletivo à francesa. A fórmula proposta é simples: cada um é responsável de trazer seu cesto. Será possível completar o piquenique com churrasco, bebidas, crepes e bolos que serão comercializados pelas associações.
O principal objetivo do evento, segundo seus organizadores, é apresentar o universo das associações francesas de São Paulo e dar-lhe apoio. Venha explorar os stands que permitirão apresentar e promover o trabalho feito por elas no cotidiano. Será igualmente uma bela ocasião para levantar fundos para essas organizações.
Diversos parceiros (Mercure, Ibis, Telhanorte, Novotel, BNP, Partage Seguros, Gorioux-Faro, APE, Windeio Green Future, os escritórios Goulène Advogados e Chenut Oliveira Santiago) decidiram apoiar essa iniciativa e tornam possível que a Franco Festa seja organizada nas melhores condições.
A Franco Festa é, desde já, um sucesso anunciado, pois mais de 500 pessoas já confirmaram sua presença. Há alguns dias do evento o entusiasmo é grande tanto do lado dos organizadores, como que da comunidade francesa.

Informações práticas:
Data: 1º de Maio de 2013
Horário: de 10h a 18h
Onde: Espaço Dom Pedro (Avenida Miguel Estéfano, 4241, Água Funda, São Paulo – SP CEP 04301-905)
Tarifa: R$ 25,00 (Gratuito para os menores de 10 anos e para os maiores de 75 anos). Não será possível comprar ingressos no dia do evento).

As informações são do Jornal Francófono ‘Le Petit Journal’.
http://www.lepetitjournal.com/sao-paulo/accueil-sao-paulo/actualite/149035-evenement-a-sao-paulo-place-a-la-premiere-franco-festa

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Governo Francês quer melhor a situação dos estudantes estrangeiros e quer mais brasileiros na França

Sciences Po de Paris, uma das melhores universidades franceses 


             Assim que chegou à presidência francesa em maio de 2012, François Hollande prometeu melhorar a situação dos estudantes estrangeiros na França e, sobretudo, através do cancelamento da “Circular Guéant” que dificultava o acesso dos estudantes estrangeiros ao mercado de trabalho francês.

            Em uma visita a Cité Internationale universitária de Paris em 16 de abril, os ministros do Interior (Manuel Valls) e do Ensino Superior (Geneviève Fioraso) anunciaram algumas medidas para melhorar o acolhimento à estudantes estrangeiros nas universidades francesas.

            A ministra do ensino superior declarou que a França se encontra em uma situação “frágil” em matéria de recepção de alunos estrangeiros. Recentemente, o país passou da 4º a 5º colocação entre os países que mais recebem estudantes estrangeiros. Manuel Valls declarou que “Para ser relevante no mundo de amanhã, a França deverá saber atrair os melhores estudantes, os melhores pesquisadores, os melhores cientistas, isso diz respeito à nossa competitividade”.

            Para simplificar a vida dos estudantes estrangeiros, os ministros anunciaram uma generalização do titre de séjour – visto para residência na França – plurianual aos estudantes de acordo com a duração de seus estudos, evitando a sua renovação anual junto às Prefeituras. Faz parte do plano dos ministros ainda, aproximar prefeituras e universidades para que melhor coordenar o acompanhamento dos alunos estrangeiros.

            Da mesma forma, o governo francês deseja facilitar o acesso dos melhores alunos estrangeiros ao mercado de trabalho francês, o que fora restringido pela “Circular Guéant” durante a presidência de Sarkozy. Desde a chegada de François Hollande ao poder essa circular do Ministério do Interior foi anulada.

            Os ministros negaram que o governo pense em aumentar as taxas de inscrição nas universidades para os alunos estrangeiros. Ainda segundo os ministros, taxas de inscrição mais baixas é um trunfo para a França atrair estudantes asiáticos e brasileiros que não conseguem financiar seus estudos nos Estados Unidos ou no Reino Unido. O objetivo da França é exatamente diversificar a origem geográfica de seus estudantes estrangeiros, atraindo, em especial, um maior número de jovens estudantes e pesquisadores de países emergentes. Nesse sentido, a Assembleia Nacional Francesa começará a analisar em 22 de maio um novo projeto de lei sobre o Ensino Superior e a Pesquisa que legaliza aulas e cursos em língua estrangeira.

            Em 2011, a França contava com cerca de 290.000 estudantes estrangeiros, o que representa 12,3% do total de estudantes no país do Hexágono. A proporção de estudantes estrangeiros aumenta conforme o nível de especialização dos estudos. No doutorado, a proporção chega à 41% de alunos estrangeiros.

As informações são da rubrica política do jornal Libération

Oscar Augusto Berg,
Brésil, le 23 avril 2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

França adota casamento para todos




            O projeto de lei da ministra da Justiça Christiane Taubira que possibilita aos casais do mesmo sexo de se casarem e adotarem foi finalmente adotado pela Assembleia Nacional Francesa hoje à tarde.
            Do total de 566 deputados, 556 votos foram expressos. A maioria absoluta que o projeto necessitava para ser aprovada era de 279 votos a favor, ao final, o projeto de lei Taubira conquistou 331 votos a favor e 225 votos contrários.
Após a divulgação dos resultados, os deputados comemoram aos gritos de “C’est gagné!

            Conforme a análise publicada na sequência da divulgação do resultado pela Assembleia Nacional, os principais apoiadores do projeto de lei foram os grupos Socialista (Groupe Socialiste, républicain et citoyen. 292 membros, 281 votos favoráveis, 4 contrários, 4 abstenções e um membro não-votante, o presidente da casa, Claude Bartolone), Ecologista (Groupe Écologiste. 17 membros e 17 votos favoráveis) e dos radicais-progressistas (Groupe radical, républicain, démocrate et progressiste. 16 membros. 13 votos favoráveis e 2 contrários). A esquerda radical (Groupe de la gauche démocrate et républicaine. 15 membros. 9 votos favoráveis, 4 votos contrários e 1 abstenção), por sua vez, ficou dividida. Marie-George Buffet, ex-candidata à presidência e membro do grupo votou a favor do projeto de lei.
            Os votos contrários ao projeto de lei Taubira vieram, sobretudo, da oposição conservadora. O partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy, UMP, votou massivamente contra a proposta do casamento para todos (Groupe de l’union pour un mouvement populaire. 196 membros. 6 votos favoráveis, 183 votos contrários, 5 abstenções). Os centristas e radicais de direita (Groupe de l’union des démocrates et indépendents. 30 membros. 5 votos favoráveis e 25 votos contrários) e os não-inscritos (em sua maioria deputados de extrema-direita que não obtiveram o número mínimo de cadeiras para formar um grupo na Assembleia. 7 votos contrários, nenhum a favor) endossaram a lista oposicionista.
            O deputado dos franceses da América Latina e Caribe, Sr. Sergio Coronado, do grupo ecologista votou a favor do projeto de lei Taubira, recentemente, ele havia subido à tribuna do hemiciclo para defender o casamento para todos. O franco-brasileiro Eduardo Rihan Cypel, do grupo socialista, votou a favor. Os antigos pretendentes à presidência francesa Jean-Louis Borloo (União dos democratas e independentes. Centrista), Noël Mamère (Ecologistas) e Marie-George Buffet (Esquerda democrata e republicana) votaram à favor, enquanto que o soberanista de extrema-direita, Nicolas Dupont-Aignan (Não-inscritos) votou contra.
            Chamou a atenção, contudo, o voto favorável ao projeto de lei dos deputados UMP, Henri Guaino e Luc Chantel que fizeram forte oposição ao casamento para todos. Eles declararam terem errado o botão durante a votação, ao total seriam cinco deputados que votaram errado. Além dos dois, Alain Chrétien, Marcel Bonnot e Marianne Dubois, todos da UMP, também erraram o botão. O erro, contudo, não mudou o resultado de uma disputa que consumiu “136 horas e 56 minutos” de debate da Assembleia, conforme o pronunciamento do presidente da casa, Claude Bartolone. Ainda assim, os deputados UMP Benoist Apparu e Franck Riester que votaram a favor do casamento para todos não se pronunciaram endossando rumores que eles apoiaram a proposta do governo socialista.

Para os oposicionistas, a luta continua

            Henri Guaino, que foi conselheiro do ex-presidente Nicolas Sarkozy, declarou que continuará a manifestar sua oposição ao projeto de casamento e adoção para todos e demandará ao presidente François Hollande realizar um referendo sobre a adoção da lei.
            Os opositores ao projeto de lei do casamento e adoção para todos que se reuniram em torno de grandes manifestações – manifs pour tous (manifestações para todos) prometem não baixar os braços apesar do voto favorável da Assembleia Nacional. Uma parte dos manifestantes contrários ainda que aceite o casamento gay se manifesta contra o projeto de lei, pois ele permite a adoção para os casais do mesmo sexo. Para eles esse é o grande problema do projeto, o ex-militar Philippe que participava de uma manifestação na cidade de Tours, declarou ao jornal Le Monde: “Na verdade, o que nos incomoda na lei Taubira não é o casamento, mas a adoção. Isso quer dizer que a criança adotada por um casal homossexual será inscrita no registro civil como filha de dois pais homo, sem nenhuma menção aos nomes da mãe e pai genéticos, como se fosse filha de um casal que, no entanto, não pode reproduzir. Elimina-se uma referência fundamental na criação da identidade da criança”.

Complicações políticas   

            A França foi tomada de manifestações tanto favoráveis como contrárias ao projeto de casamento para todos, o que dominou toda a discussão política nacional desde janeiro. Alguns líderes do manif pour tous começam a tratar as manifestações como affaire político e se coligaram aos conservadores UMP e FN. Uma das líderes das manifestações, Frigide Barjot apareceu recentemente ao lado de um eleito do partido de extrema-direita FN, uma posição que não agradou à grande parte dos manifestantes.
            Após a votação favorável na Assembleia Nacional, onde a esquerda possui uma maioria esmagadora, a oposição irá consultar o Conselho Constitucional em relação a constitucionalidade do projeto de lei, o que deverá retardar em mais um mês a outorga da lei por parte do Presidente François Hollande. Os primeiros casamentos de casais do mesmo sexo deverão ocorrer somente a partir da metade do mês de junho.
            Caso a outorga da lei se estenda e as manifestações contrárias a lei aumentem poderá criar-se mais um problema político para o presidente François Hollande e para o governo socialista. O grande trunfo que contam os manifestantes contrários e a direita francesa é a pressão sobre os eleitos locais em função das eleições municipais do próximo ano. Uma eleição que se anuncia desde já difícil à maioria presidencial socialista em função da crise econômica na França e da impopularidade do presidente Hollande.
            A implicação de François Hollande é direta, pois ainda candidato, o socialista decidiu abraçar a proposta do casamento e adoção para casais do mesmo sexo, inscrevendo-a em suas propostas de campanha:

            Sob a ótica eleitoral, para o eleitorado progressista que já havia confiado seu voto em Hollande em maio de 2012 a adoção da lei significa o cumprimento de mais uma proposta de campanha, contudo, é difícil identificar o quanto, atualmente, a aprovação da lei poderá conquistar novos eleitores aos socialistas na perspectiva das próximas eleições. O fato é que a lei representa um grande avanço social na França. Os socialistas franceses, mais uma vez, se colocam como os responsáveis pelas grandes mudanças societárias, da mesma forma como nos anos 80 durante a presidência de François Mitterrand, o ministro da justiça Robert Badinter pediu a Assembleia Nacional a abolição da pena de morte, apoiada pela maioria socialista da Assembleia Nacional. Para aqueles que conseguiram manter uma posição indiferente em relação à lei Taubira, sua aprovação e futura promulgação pelo Presidente Hollande significa mudar o foco do debate político para outros domínios, visto que o casamento para todos ocupou a atenção dos franceses desde janeiro desse ano. Até mesmo para o Presidente Hollande o final do grande debate sobre o casamento para todos poderá ser uma boa notícia, pois garante seu lugar na história como chefe de Estado responsável pela promulgação do casamento de pessoas do mesmo sexo no 14º país do mundo – 9º país europeu – e também permite que o governo volte a apresentar para um público mais significativo suas proposições para vencer a crise econômica internacional, recuperando o prestígio da opinião pública francesa. Quem sabe a distância do tempo permita à François Hollande cantar seu primeiro ano de presidente ao som de Non, je ne regrette rien!
A França deverá ser o 14º país a adotar o casamento homossexual no mundo


Para uma lista completa dos deputados que votaram contra e a favor do projeto de lei, acesse o link da Assembleia Nacional Francesa:

Oscar Augusto Berg
Brésil, le 23 avril 2013.
Fotos retiradas do motor de pesquisa do Google.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Habemus Austeritas


Milhares de manifestantes europeus se reúnem em Bruxelas para protestar contra a austeridade



Ontem, a declaração do cardeal francês Jean-Louis Tauran “habemus papum” fez a alegria de milhões de cristãos mundo afora e ecoou na lotada Praça de São Pedro.

Hoje, um pouco distante do Vaticano, mas ainda sob o mesmo continente, a expressão latina foi lembrada por milhares de manifestantes vindos dos 27 Estados Membros da União Europeia protestar no Parc du Centenaire em Bruxelas contra as políticas de austeridade implementadas pelos governos europeus. A secretária-geral da Federação Sindical belga FGTB anunciou “Habemus austeritas!” e ao longo de seu discurso anunciou o objetivo da manifestação pacífica que reuniu cerca de 15 000 manifestantes: “Nós estamos aqui para advertir o Conselho Europeu. Em cada Reunião de Cúpula, a situação dos trabalhadores é colocada em perigo.”

Nos dias 14 e 15, os 27 Estados Membros da UE se reúnem em Bruxelas para uma nova Cúpula do Conselho Europeu (Reunião dos chefes de Estado e de Governo dos membros da UE). Essa reunião é vista como crítica para os europeus, pois ela se insere em um contexto de impasse político na Itália após as últimas eleições legislativas, de agravamento da recessão nos países do sul e de início de campanha eleitoral na Alemanha que definirá o futuro político de Angela Merkel em setembro próximo.
Até a divulgação do resultado das eleições legislativas na Itália, que deram aos populistas Berlusconi e Grillo um número considerável de cadeiras no parlamento, a política de austeridade defendida pela chanceler alemã Angela Merkel foi implementada como receituário para a saída da crise. A passagem por um período de recessão seria inevitável para reequilibrar as finanças dos Estados e recuperar a competitividade de suas economias, o preço a pagar pelos excessos do passado. Contudo, esse receituário de A. Merkel começa a perder apoio em todo o continente, pois mesmo que seguido por países como Espanha, Grécia e Portugal ele não está os ajudando a enfrentar melhor a crise.

De acordo com resultados divulgados recentemente, a recessão em 2012 (queda de 3,2% do PIB) em Portugal é a pior desde 1975. Na Grécia, a queda do PIB nesse período foi ainda mais violenta - 6,2% - sendo o quinto ano consecutivo de recessão. A Espanha também se encontra em uma situação crítica, sobretudo, em função do forte desemprego no país, o que levou a classe dirigente espanhola a se afastar das obrigações fiscais acordadas junto aos parceiros europeus. De passagem por Bruxelas, segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Garcia-Margallo, advertiu os riscos de uma “austeridade excessiva” que “não vai contribuir na saída da recessão”.

Conforme podemos ver pela imagem abaixo, a situação europeia divide-se entre dois grupos: os bons e os maus alunos do receituário de A. Merkel, ou seja, aqueles que fazem esforços para reduzir o déficit fiscal e aqueles que não seguem a risca. Ainda assim, mesmo nos ditos “bons alunos”, como a Bélgica e até mesmo na própria Alemanha, a situação social não é muito superior em relação aos vizinhos europeus.

Previsão de Déficit Orçamentário para o ano 2013 nos países da Zona do Euro (em % do PIB)


Constata-se que a crise econômica europeia é também política, apesar de diversos manifestos como os realizados hoje em Bruxelas, não se impôs na Europa um receituário diferente daquele defendido por A. Merkel. Pelo contrário, os países europeus em pior situação fiscal recorrem a uma única ferramenta: a renegociação da data limite para reequilíbrio fiscal de 3% de déficit em relação do PIB. A esquerda europeia, oposição na maior parte dos países europeus atualmente, não convence os eleitores de sua capacidade de melhor solucionar a crise e a nova experiência socialista francesa, mesmo que não abrace a ideia da austeridade à moda de A. Merkel, falha em propor uma saída alternativa. Até o momento o principal recurso dos eleitores europeus, conforme a última eleição italiana, é o voto em políticos populistas que conspiram contra as instâncias comunitárias e propõe a saída da zona do euro como solução a crise, uma medida irresponsável mas que, em tempos de incapacidade da esquerda propor novas soluções e da direita tradicional defender com firmeza as ferramentas implementadas por ela, encontra um eleitorado cativo. Nesse cenário, nem mesmo uma possível derrota de A. Merkel para os Social-Democratas em setembro poderá provocar uma mudança importante na política europeia vis-à-vis do contencioso orçamentário.

Oscar Berg,
Le 14 mars 2013.