Ségolène Royal: O medo Sarkozy evita um belo sonho
Após a divulgação dos resultados, Ségolène não consegue
evitar as lágrimas ao deixar seu QG
Foram 17
milhões de votos no segundo turno da eleição presidência de 2007, a maior
votação recolhida por um socialista desde 1995. São centenas de blogs, milhares de militantes ortodoxamente
engajados em seus ideais nas principais redes sociais mundiais, o website político mais influente da
França nos últimos anos. É extremamente calorosa sua recepção na França do
Além-Mar, nos distritos, subúrbios e municipalidades mais sensíveis. No
entanto, Ségolène Royal, apesar de todos os fatores acima jogando a seu favor,
não ultrapassou a marca de 10% de 2,5 milhões de votos nas Primaires Citoyennes, uma imensurável decepção.
Todo
esse fracasso não representa sob nenhuma hipótese ma diminuição da popularidade
de Ségolène Royal ou uma má avaliação de suas políticas voltadas a virada
ecológica da sua região de Poitou-Charentes, mas um medo crescente dos franceses em reviverem o fracasso de
2007, de terem que por mais 5 anos viverem o superpresidencialismo de Nicolas
Sarkozy, o qual muitas franceses elencam Ségolène Royal como grande
responsável.
É
claro que não cabe apenas a Ségolène Royal a derrota de 2007, mas seu discurso
nas primárias – que pouco mudou e incorporou uma quantidade insuficiente de novas
ideias em relação ao de 2007 – aproximaram a esquerda deste pensamento errôneo.
Ségolène em um encontro do MJS, seu
prestígio entre os militantes socialistas deve se manter intocável
O
fator decisivo portanto, para a tão gritante quanto surpreendente derrota de
Ségolène foi a sua postura ainda muito ligada a 2007, um passado recente que os
socialistas franceses desejam esquecer e superar com uma grande vitória em
2012, e essa vitória, conforme claramente mostraram os franceses, não estaria a
altura de Ségolène Royal. Seu acerto é de não repetir aquilo que Lionel Jospin
fez há dez anos atrás na sequência da sua maior derrota (a do primeiro turno
das presidências de 2002 face a Jean-Marie Le Pen), de desistir de sua careira
política. O sucesso da administração de sua região, sua enorme admiração nos
bairros populares são apenas dois exemplos do porquê ela deve continuar ativa
no PS, pois como ensinou o mestre Mitterrand, as belas derrotas são aquelas que
preparam as próximas vitórias.
Oscar Berg,
Brésil, le 13 Octobre
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