segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um início de campanha complicado à François Hollande

Semana conturbada ao socialista François Hollande premia Sarkozy com uma clivagem nas sondagens.
Nicolas Sarkozy, mesmo desmoralizado, sobe nas pesquisas. É o efeito Zapatero ao contrário
As pesquisas de intenção de voto ainda apontam o candidato socialista François Hollande como vencedor com uma larga vantagem em relação a Nicolas Sarkozy, no entanto o chefe de Estado francês foi premiado com uma elevação das intenções de voto nele, em uma semana conturbada a Hollande e ao Partido Socialista, que acaba de fechar um acordo com a EELV (Europe Écologie Les Verts), o Partido Verde francês.

FH, duramente criticado por sua esquerda
Para Jean-Luc Mélenchon (Front de Gauche) : Hollande, um capitão de pedalinho
A declaração que dominou as principais páginas dos jornais franceses e a à La une de seus sites foi a declaração do candidato esquerdista à presidência Jean Luc Mélenchon (Front de Gauche, da qual faz parte o Partido de Esquerda, criado por Mélenchon, e o Partido Comunista Francês) deu a imprensa: “François Hollande é um capitão de pedalinho em meio a tempestade”
Esta semana, muito importante ao deputado da Corrèze por ele finalmente ter apresentado sua equipe de campanha, reservou ainda mais críticas. Jean Luc Mélenchon, mais uma vez, acusou Hollande de adotar uma linha centrista e manter uma obstinação social-liberal. A equipe de Hollande também foi duramente criticada, muitos franceses enxergam Hollande cada vez mais ligados à uma linha centrista e à direita do PS, ao adotar nomes como Manuel Valls, Pierre Moscovici e Julien Dray. A posição de Hollande em relação ao nuclear também ajudou-o a receber críticas, desta vez pela parte dos verdes (EELV) e do comitê central do PS que continuava a época em negociação com os verdes (os quais cobravam dos socialistas uma posição mais clara sobre a saída do nuclear), o deputado da Corrèze defende claramente (desde as primárias) uma saída do nuclear de 75% para 50% até 2025 (os verdes querem mais, ou seja, total).

Acordo PS-EELV: mais um nicho para críticas ao programa socialista?
As últimas notícias nos dizem que o acordo entre o Partido Socialista (PS) e o partido Verde (EELV) vinha sendo tratado há um bom tempo, especialmente desde que foram montados grupos de trabalho entre representantes do PS e da EELV sobre diversos assuntos. As negociações que se entenderam “oficialmente” por diversas semanas iam bem até o chegar da discussão de um assunto muito importante aos verdes: o nuclear.
Defensores da saída total do nuclear (como a Alemanha de Merkel anunciou que fará até 2022), os verdes encontraram muitos convergentes à política desejada pelos socialistas para o abandono da tecnologia nuclear, pois diferentemente dos verdes, o Projeto Socialista para 2012 (Le Changement, disponível no site do PS) não fixa um porcentagem da dependência nuclear que deverá ser deixada de lado, apenas que novas energias renováveis deverão ser melhor exploradas a fim de realizarmos a transição nuclear, pois ainda conforme o Projeto, abandonar o nuclear, não é apenas deixar de lado a geração deste tipo de energia, mas também toda a sua indústria (Areva, etc.) e todo o savoir-faire (know-how à francesa) adquirido desde os anos 70, quando o nuclear passou a ser o centro da matriz energética francesa, e isto, em última análise, seria aumentar ainda mais a desindustrialização da francesa e milhares de trabalhadores abandonados ao desemprego.

Nos anos 70 a França optou pelo Nuclear, e nele entrou de cabeça, 42% da produção européia é francesa, mesmo com o esforço francês a quantidade não tende a diminuir, já que em todo o continente o setor nuclear é de pouco em pouco abandonado.
Nesta semana, no entanto o PS chegou a um acordo com a EELV, no qual – entre diversas outras ações políticas – decidiu-se por diminuir a dependência francesa em relação ao nuclear de 75% a 50% até 2025 (mesma proposta que François Hollande defende desde sua campanha nas Primaires Citoyennes) e o fechamento de 24 reatores. Todas as propostas deste acordo podem ser encontradas no link fornecido no final desta postagem.

O Nuclear é onipresente na França hoje : 75% da matriz energética e 58 reatores. Segundo o acordo PS-EELV, a dependência irá diminuir para 50% e 24 reatores serão fechados.
 Como se esperava, o acordo PS-EELV abriu espaço para muitas críticas da direita pela política adotada pelo PS. Como já dizia François Mitterrand em sua obra Ici et Maintenant (1980) (No Brasil chamado de “Aqui e Agora” e facilmente encontrável em um sebo ou no Mercado Livre) o PS enfrenta uma dupla concorrência sobre o nuclear: seja o tudo da direita ou o nada dos ecologistas. Incrivelmente, mais de 30 anos depois o debate e as posições restam as mesmas, mas desta vez, parece o PS ter cedido demais aos verdes, tendo alguma parte do eleitorado socialista temer que os verdes possam em um futuro próximo fazer o mesmo que ops próprios socialistas fizeram com os comunistas nos anos 70 e 80 através de diversos acordos, como o Programa Comum, de 1972.

Hollande ainda na frente, mais com uma vantagem menor.
Não suficiente dura, a semana de François Hollande foi “premiada” com uma queda considerável nas pesquisas de intenção de voto. Conforme mostrado aqui em 20/10/2011, o candidato socialista dispunha de 35% das intenções de voto contra atuais 34%, seu provável adversário Nicolas Sarkozy, ficaria com 27% dos votos, 2 suplementares em relação a última pesquisa, conforme uma pesquisa da CSA realizada entre 14-15 Novembro tendo consultado 1001 pessoas. Ainda mais preocupante que a sondagem da CSA, foi a sondagem da LH2 que mostrou, como bem sublinhou a mídia francesa, um Hollande em queda e um Sarkozy subindo nas pesquisas:

Nicolas Sarkozy continua sua subida e encosta em um Hollande que perde seu fôlego” (TF1.fr)

Nicolas Sarkozy confirma seu retorno às sondagens face à um François Hollande em evidente queda” (France Soir)

O Presidente da República estaria nos calcanhares de François Hollande (30%, -9pts.) somando 29% das sondagens” (Le Parisien)

Hollande e Sarkozy disputam cotovelo a cotovelo o 1° turno” (Libération)

Segundo a LH2, Hollande não teria mais que 30% dos votos, ao passo que o presidente Sarkozy encostaria nele com 29% das intenções, no entanto, no 2° turno os socialistas ainda venceriam, com 58% dos votos contra 42%, mantendo o score que vinha fazendo nas últimas pesquisas. A pesquisa de LH2 foi menor, realizada com cerca de 600 pessoas (environ 600, conforme a ficha técnica da pesquisa). Veja uma tabela resumindo as pesquisas da CSA e da LH2 da última semana:



Candidato
1  Turno
2° Turno
Pesquisa
Intenção (%)
Relação out/2011
Intenção (%)
Relação out/2011
François Hollande (PS)
CSA
34*
(-1)     
59
(-3) 
LH2
30*
(-9)     
58
(-2) 
Nicolas Sarkozy (UMP)
CSA
27*
(+2)    
41
(+3)
LH2
29*
(+5)    
42
(+2)
Marine Le Pen (FN)
CSA
16
(±0)       -

LH2
15
(+1)     

François Bayrou (MoDem)
CSA
7
(-2)      

LH2
7
(-1.5)  

Jean-Luc Mélenchon
(Front de Gauche:PG/PCF)
CSA
5
(±0)      - 

LH2
7
(+0.5) ↑

Eva Joly (EELV – Verts)
CSA
4
(+1)    

LH2
6
(+1)    

Outros
(Jean-Pierre Chevènement, Dominique de Villepin, Nathalie Artahud, Hervé Morin, etc.)
CSA
7
(-1)     

LH2
6
(+3)     





Sondagem CSA (14-15/Novembro 2011)






Sondagem LH2 (20/Novembro 2011)



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Pesquisas de Intenção de Voto CSA Novembro/2011
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Pesquisa de Intenção de Voto LH2 20/11/2011
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Principais pontos do Acordo PS-EELV

Oscar Berg,
Brésil, le 21 Novembre 2011




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