Com uma fortuna de 24 bilhões de euros Bernard Arnault é o homem mais rico da França |
Apesar da
grave crise econômica que abala a zona do euro, os 500 franceses mais ricos não
têm do que se queixar, pois sua fortuna cresceu em média 25% no ano passado,
conforme a revista Challenges a ser
publicada na próxima quinta-feira.
A riqueza
acumulada pelas 500 maiores fortunas francesas alcançou a soma de 330 bilhões
de euros, o maior valor registrado pela classificação “500” da revista desde a
primeira publicação, em 1996. O montante acumulado pelos ricaços franceses
equivale a 16% do PIB da França e é maior que o PIB de Colômbia e Venezuela,
respectivamente 34º e 35º países mais ricos do mundo, conforme o FMI (2011).
O grupo
compreende 55 bilionários, 10 a mais do que no ano passado, o menor patrimônio
do ranking é 64 milhões de euros. O líder do ranking é Bernard Arnault, CEO do
conglomerado de luxo LVMH, que detém 24,3 bilhões de euros, 3,1 bilhões a mais
do que no ano passado. O segundo lugar pertence à herdeira da L’Oréal, Liliane
Bettencourt (23,2 bilhões de euros, aumento de 7,9 bilhões em relação ao ano
anterior). Completam o Top 10, Gérard Mulliez (Grupo Auchan, € 19 bilhões),
Bertrand Puech (Hermès, € 17,4 bilhões), Serge Dassault (Indústrias Dassault, €
12,8 bilhões), François Pinault (Kering, € 11 bilhões), Vincent Bolloré (Grupo Bolloré,
€ 8 bilhões), Pierre Castel (Indústria de bebidas Castel, € 7 bilhões), Alain
Wertheimer (Chanel, € 7 bilhões). Xavier Niel, fundador da operadora de
telefonia Free, fecha o Top 10 com fortuna de € 5,9 bilhões, ele entrou no
ranking “500” em 2003, quando possuía uma fortuna de “apenas” 80 milhões de
euros. Apesar do forte crescimento médio do ranking, a família Peugeot,
tradicional freqüentadora do Top 10, teve sua fortuna reduzida em 70% nos
últimos dois anos. O setor automobilístico é um dos mais afetados pela crise.
Paradoxo
Enquanto que
as 500 maiores fortunas francesas cresceram 25% em um ano, a economia francesa não
vai nada bem. A taxa de desemprego atingiu alarmantes 10,4% no primeiro
semestre desse ano (0,3% a mais que no semestre anterior) e instituições como o
FMI julgam muito difícil da França reverter a curva de crescimento do
desemprego até o final do ano, conforme objetivo do Presidente François
Hollande. Em relação ao crescimento da economia, enquanto o Presidente Hollande
acredita que a França possa crescer 0,1% nesse ano, os especialistas do FMI
afirmam que a França entrará em recessão e a recuperação será modesta até 2015.
O crescimento das grandes fortunas certamente trará novamente à tona a proposta
do governo de um imposto de 75% para rendas superiores a 1 milhão de euros,
proposta de campanha de François Hollande e julgada de inconstitucional pelo
Conselho Constitucional (O bilionário Bernard Arnault anunciou que pediria a cidadania belga para escapar da taxa Hollande caso ela dosse aprovada). O cenário de crescimento das desigualdades na França
poderá auxiliar o crescimento do partido Frente Nacional, que já recebe grande
apoio entre as classes mais desfavorecidas.
Oscar Berg,
10 de julho
de 2013.