quarta-feira, 3 de julho de 2013

França envergonhada por erro diplomático

Ministro das Relações Exteriores da França lamenta o contratempo causado ao Presidente boliviano pela decisão da França de bloquear seu espaço aéreo. Presidente Hollande afirma ter dado autorização imediata para abertura do espaço francês, oposição e bolivianos, contudo, criticam postura do governo francês.

Foto: Agência France-Presse


Após França e três outros países europeus (Espanha, Itália e Portugal) terem fechado seus respectivos espaços aéreos devido a suspeita de que o ex-técnico da CIA, Edward Snowden, estaria no avião que levava o presidente boliviano, Evo Morales, de Moscou a La Paz, uma centena de pessoas protestou hoje em frente da Embaixada da França na capital boliviana.

Parte dos manifestantes de organizações ligadas ao Presidente Evo Morales gritavam em frente a Embaixada: “França, fascista, fora da Bolívia!” enquanto que outros portavam cartazes onde se lia: “França hipócrita, França colonialista”. Pedras foram atiradas contra a fachada do prédio da embaixada e bandeiras francesas foram queimadas. Não se sabe se o Embaixador da França na Bolívia, Michel Pinard, estava no interior do prédio no momento da manifestação.

Bandeiras francesas foram queimadas durante a manifestação (Foto: Le Parisien)


O presidente francês, François Hollande, declarou nesta quarta-feira (3/07) em Berlim ter “imediatamente” dado a autorização de sobrevôo da França ao avião do Presidente Morales, “Havia informações contraditórios a respeito de passageiros que estariam a bordo. Tão logo que eu soube que se tratava do avião do Presidente Boliviano, eu dei imediatamente a autorização de sobrevôo” declarou Hollande.



Ainda na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, telefonou ao chanceler boliviano para lamentar o contratempo ocasionado para o Presidente Morales pela demora na confirmação da autorização para sobrevôo do território francês, conforme indicou o porta-voz do Ministro.

O Parti de Gauche (Partido da Esquerda), co-presidido por Jean-Luc Mélenchon, denunciou a atitude do governo francês, qualificando-a de “grande erro político e diplomático”. Em um comunicado intitulado de “Escandaloso”, o partido declarou: “Tratando o Presidente Evo Morales como um potencial perigoso terrorista, o governo francês cometeu um grave erro político e diplomático que desonra o país, tão maltratado por seu alinhamento atlantista [...] Essa atitude atesta a subjeção de nosso governo aos interesses dos Estados Unidos que, contudo, nos espiona”.

Em represália a França, o Parlamento Boliviano vai pedir nesta quinta-feira a expulsão do país dos embaixadores de França, Portugal e Itália.

Recentemente, entre 12 e 13 de março de 2013, o Presidente Evo Morales esteve na França em viagem de trabalho. Nesta ocasião, o presidente François Hollande parabenizara o presidente boliviano pelas profundas reformas efetuadas com o objetivo de reduzir as desigualdades no país. Ambos os presidentes se comprometeram a fortalecer o comércio entre os dois países, tendo sido os setores de infraestrutura, energia, transportes e espacial identificados como prioritários. O Presidente boliviano, por sua vez, ressaltara a importância de reforçar a cooperação entre a França e a Bolívia nas instituições multilaterais.

Oscar Berg,

3 de julho de 2013.

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