sábado, 9 de março de 2013

Para Ministro francês: “O mundo ganharia com ditadores como Chávez”


Veja algumas reações dos políticos franceses sobre a  morte de Hugo Chávez

Franceses simpatizantes de Chávez se reúnem em frente a estátua de Simon Bolívar para homenagear o líder morto

Victorin Lurel, ministro da França Ultramarítima, que representou o governo francês no funeral do Presidente Venezuelano, Hugo Chávez, recusou chamar o líder do Socialsmo Bolivariano de ditador: “Eu digo, e isto pode me ser censurado, que o mundo ganharia em ter muitos ditadores como Chávez, pois julga-se que ele tenha sido um ditador. Ele, por quatorze anos, respeitos os direitos humanos”, declarou às rádios RTL e Europa 1.

Victorin Lurel, Mnistro da França Ultramarítima, representou os franceses no funeral de Chávez
Continuando seu compte-rendu emocionado, o ministro francês afirmou que Chávez era ao mesmo tempo De Gaulle (militar francês, líder da Resistência externa na II Guerra Mundial e fundador do gaullismo, uma ideologia política francesa de direita) e Léon Blum (Primeiro socialista a ser nomeado chefe de governo na França): “De Gaulle pois ele Chávez mudou profundamente as instituições e então Léon Blum, quero dizer a Frente Popular [Partido de Esquerda que venceu as eleições de 1936 reunindo socialistas, radicais de esquerda e comunistas], porque ele lutou contra as injustiças.” 

Mesmo que o ministro francês classifique a prática de embalsamar o corpo do ex-presidente de pertencente “a outra época” (lembremos que Lênin é uma das grandes figuras embalsamadas mundo a fora), ele revelou ter ficado impressionado pela preparação do corpo de Chávez: “Ele parecia jovem, em ótimo estado, estava sereno, como podem estar as feições de alguém morto”. Ainda, segundo o ministro, via-se um Chávez “que não estava bochechudo, como se percebia desde sua doença”.

François Hollande celebra o líder que marcou a história da Venezuela
No dia da morte do líder Venezuelano, o presidente francês, François Hollande, enviou uma carta apresentando seus sentimentos ao povo venezuelano. Hollande declarou que “O Presidente morto exprimia além de seu temperamento e de orientações que nem todos concordavam, uma imensa vontade de lutar pela justiça e pelo desenvolvimento”. Para o presidente francês, Hugo Chávez “marcou profundamente a história de seu país”.

“Chávez nunca irá morrer”
Se François Hollande não repetiu a mesma emoção de seu ministro Victorin Lurel em seus comunicados, é um outro antigo postulante à presidência francesa, Jean-Luc Mélenchon, que reivindica uma forte ligação à Venezuela de Hugo Chavez.

A admiração de Mélenchon por Chávez começou quando o esquerdista francês participou do Forum Social Mundial em Caracas, em 2006 (Mélenchon era uma figura constante nos Fóruns realizados em Porto Alegre, e um nome conhecido da esquerda gaúcha). No dia da morte do líder Venezuela, Mélenchon – co-presidente da Frente de Esquerda, partido que reúne o PCF e o Partido de Esquerda, fundado por ele – organizou uma homenagem a Chavez nos pés da estátua de Simon Bolívar em Paris, ao curso da qual, Mélenchon declarou que “Chávez nunca irá morrer”.

Jean-Luc Mélenchon com Hugo Chávez (acima à esquerda) e discursando na noite de homenagens ao líder venezuelano em Paris (acima)

 A ambivalência do Chavismo se fez presente na homenagem. Se de um lado fez-se uma homenagem ao Presidente reeleito democraticamente por diversas vezes, que lutou pela igualdade, justiça e fim da miséria, a ligação de Chávez com ditadores do Oriente Próximo foi lembrada: em meio ao evento uma bandeira com de Bashar Al-Assad foi levantada por simpatizantes do regime de Damas, Jean-Luc Mélenhon precisou intervir junto aos militantes.


Militantes pró-Assad compareceram na noite de homenagens à Hugo Chávez

Esse evento representa a essência do chavismo: uma vontade incessante de lutar pela justiça social, defender os mais pobres e criar meios para que estes ascendam à uma vida digna, mas também uma ambivalência marcada pelo apoio à regimes ditatoriais e uma determinação em controlar os meios de comunicação venezuelanos. Como uma homenagem a Chávez, faço uso das palavras de François Hollande: Homenageio aquele Hugo Chávez que transformou seu país e lutando contra a pobreza, marcou profundamente a história venezuelana, sem, no entanto, concordar com todas suas práticas.

Oscar Berg
Le 9 mars 2013






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